Saia do automatismo e seja líder de si mesmo
“Quando eu era criança, meu pai gritava comigo e me chamava de burro toda vez que eu cometia um erro. Eu sabia que ele me amava, mas isso me fazia sentir como se eu tivesse alguma falha gigantesca e imperdoável”, confessou o presidente de uma empresa europeia a Daniel Goleman, autor da obra Inteligência Emocional. O que segue abaixo são palavras do próprio Goleman, sobre como padrões aprendidos na infância impactam nossa vida adulta de forma inconsciente – e sobre o que podemos fazer para mudar isso. Confira!
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Fui até a empresa onde trabalhava o presidente e ouvi de um funcionário que ele fazia o mesmo que seu pai na hora de dar um feedback negativo aos empregados: gritava, culpava e criticava. Ele fazia com que seus funcionários se sentissem incompetentes.
Estes hábitos derrotistas geralmente são criados na infância, nos primeiros estágios de aprendizado, e estão tão arraigados em nós, que os repetimos, mesmo que saibamos que seus resultados não sejam bons.
Existe uma ferramenta para mudar isso: trazer foco aos padrões inconscientes. Este foco se refere à nossa habilidade de nos conectarmos aos padrões emocionais geralmente imperceptíveis, que são nossas reações frente a situações que relembram nosso passado.
Como o presidente da empresa, estes padrões nos forçam a repetir reações e respostas de forma inconsciente: a mente dispara instantaneamente, sem nos dar a possibilidade da escolha sobre nossas atitudes.
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Trazer foco a estas reações tira os padrões da zona inconsciente e os coloca na luz da consciência. Assim, quando enxergamos os resultados negativos que estas repetições produzem, começamos a modificá-las.
Estes hábitos negativos são respostas automáticas ditadas por circuitos ligados à amídala, o radar cerebral para ameaças e perigos. Porém, pesquisas na Universidade da Califórnia mostram que, se observarmos o sentimento ou o hábito, ao invés de permitir que eles sejam disparados sem freios, o cérebro reduz a força da resposta da amídala e ativa um novo circuito, incluindo o córtex pré-frontal, área que permite melhores escolhas.
RECONHEÇA A FONTE DO GATILHO
Diferentes estados mentais têm diferentes influências sobre o disparo das reações: os gatilhos. Quando estamos ansiosos, por exemplo, tendemos a comer mais gordura ou a sermos ríspidos com os outros. Reconhecer como estes estados de ser tomam conta de nós ajuda muito a rastrear nossos padrões.
2 passos importantes para desenvolver foco sobre padrões:
1) Pratique o mindfulness: monitore seu comportamento como se houvesse um terapeuta muito sábio e neutro dentro de você (ele existe mesmo). Desperte este olho que enxerga sem julgamentos e que atua apenas como uma testemunha dos fatos e reações. Observe o máximo que puder sobre sua vida desta forma.
2) Sempre que algo tiver um resultado contrário ao desejado, pare e reflita sozinho sobre o que você poderia ter feito diferente. Pense nisso por 10 ou 15min, registre estas alternativas dentro de você. Sempre há outros caminhos.
A prática do mindfulness ajuda a administrar o cérebro e as emoções – e a transformar estes sistemas. A inteligência emocional desenvolvida a partir disso abre espaço mental para que possamos nos observar de forma cada vez mais ampla e neutra.
Quando desenvolvemos esta capacidade, estamos aptos a encontrar os gatilhos para os padrões, reconhecer onde e como eles iniciam e mudar o curso das coisas dentro e fora de nós. Aprendemos a agir e reagir de forma sábia e alcançamos os resultados que os antigos padrões até então não permitiam. Vida pessoal e profissional melhoram e a liberdade interna irradia juntamente com a liderança sobre si mesmo.