Quer ser feliz? Aprenda a focar.
Neste segundo post da série Daniel Goleman, o psicólogo nos apresenta resultados de pesquisas que comprovam a correlação entre divagação e negativismo. Segundo Goleman, quanto mais a mente se dispersa, mais estará propensa e ruminar sobre problemas e arrependimentos. A chave para transformar este quadro, alerta o psicólogo, é calar vozes internas e praticar a concentração – em exercícios físicos, trabalhos manuais ou fazendo amor com seu parceiro (isso mesmo, fazer amor é o exercício que mais estimula a concentração cerebral). Confira abaixo a fala de Daniel Goleman, extraída da obra Foco:
Se você perguntar a alguém: “Você está pensando em alguma coisa além do que está fazendo no momento?”, há 50% de chances de que a mente dela esteja divagando.
Essa porcentagem muda imensamente dependendo de qual seja a atividade do momento. Uma pesquisa aleatória feita com milhares de pessoas descobriu que o foco no aqui e agora era compreensivelmente muito maior quando estavam fazendo amor (mesmo entre aquelas que responderam essa consulta mal catalogada, feita a partir de um aplicativo de telefone). Numa segunda posição mais distante estavam os exercícios, seguidos por conversar com alguém e jogar.
Em contrapartida, a divagação da mente era mais frequente durante o trabalho (patrões, prestem atenção), no computador de casa ou no decorrer do trajeto casa-trabalho-casa. Em média, os humores das pessoas normalmente pioravam quando suas mentes divagavam. Até mesmo pensamentos de conteúdos aparentemente neutros eram encobertos por um tom emocionalmente negativo.
A divagação da mente por si só parece ser motivo de infelicidade.
Para onde nossos pensamentos divagam quando não estamos pensando em nada em especial? Basicamente, são todos sobre o eu.
O “eu”, conforme propôs William James, unifica nosso sentido de ser ao nos contar a nossa história — encaixando pedaços aleatórios de vida numa narrativa coesa. Esta narrativa é-tudo-sobre-mim fabrica uma sensação de permanência por trás das nossas experiências momento a momento, em constante mutação.
Este hábito mental se instala sempre que damos à mente um descanso após alguma atividade focada. Associações criativas à parte, a divagação da mente tende a nos centrar em nosso eu e em nossas preocupações: todas as várias coisas que eu preciso fazer hoje, a coisa errada que eu disse para aquela pessoa, o que eu deveria ter dito em vez daquilo.
Embora a mente às vezes divague para alguns pensamentos ou fantasias agradáveis, normalmente parece gravitar em torno de ruminações e preocupações.
O córtex pré-frontal medial dispara, e nosso monólogo e nossas ruminações geram um contexto de ansiedade. Mas, durante a concentração total, uma área próxima, o córtex pré-frontal lateral, inibe essa área medial. Nossa atenção seletiva desseleciona esses circuitos de preocupações emocionais, o tipo mais poderoso de distração. Reagindo aos acontecimentos, ou a algum tipo de foco ativo, nossa atenção seletiva desliga o “eu”, enquanto o foco passivo nos volta para o confortável atoleiro das nossas ruminações.
Ou seja, não é a conversa das pessoas ao nosso redor que tem mais poder de nos distrair, mas a conversa da nossa própria mente. A concentração absoluta exige que essas vozes internas se calem.
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